quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

¨CHARLES BUKOWSKI , O MALDITO¨












dos poetas-escritores malditos,
bukowski sempre foi o de minha preferência.
com sua escrita regada a muito whisky de varias
safras, ele influênciou e continua influênciando
gerações .

até morrer aos 73 anos em 1994,ele conseguia
tirar poemas das sarjetas mais imundas, e
trazê-los á luz com sua habitual melancolia.

aqui esta bukowski, um pouco suave :


¨se vai tentar
siga em frente.

senão, nem começe!
isso pode significar perder namoradas,
esposas ,familia,trabalho, e talvez...a cabeça.

pode significar ficar sem comer por dias.
pode significar congelar em um parque.
pode significar cadeia.
pode significar caçoadas, desolação...

desolação é o presente.
o resto é uma prova de sua paciência.
do quanto realmente quis fazer.
e fará , apesar do menosprezo,
e será a melhor coisa que possa imaginar.

se vai tentar , vá em frente.
não há outro sentimento como esse.
ficará sozinho com os deuses,
e as noites serão quentes.
levará a vida com um sorriso perfeito.
e isso é a unica coisa que vale a pena. ¨

(charles bukowski)








sábado, 27 de novembro de 2010

O MANGUE - ( no caminho sem chorar )

o dia ainda tremia suas impaciências
quando uma brisa quase adormecida
trouxe no discreto cheiro de mar o prenúncio
de uma nova tempestade.

o ambiente era desolador...
e fluia o ceú do mangue , de onde nuvens negras
em algazarra assistiam de camarote o levante das marés.

21 de novembro de 2010
vai ficar para sempre na memória daqueles moradores.

quem viu o sacolejo da miséria ?
ali os raios trincaram o ceú de novembro
e a chuva, precisa no arremate,envergou o dia.

vi uma mulher sentada na garupa da agonia.
com seus olhos vermelhos e sua lingua inflada
de xingar o mundo.
tinha parte do corpo coberto de lama
e um pedaço de vida ainda por viver.
maria dolores barbosa...faxineira de rosto duro,
magricela até na fala.

dificil não era auxiliar aquela mulher
naquela tarde sem nome.
dificil mesmo era fita-la e ver por inteiro
a face daquele cansaço.

ja era quase noite quando adentrei de vez
no coração daquele mangue.

aquele cenário sinistro,
aqueles barracos tombados,
aquela miséria estampada.

tudo...tudo me estilhaçava !


(moisés poeta)



domingo, 7 de novembro de 2010

MANOEL DE BARROS E A SIMPLICIDADE

texto extraido do livro :
¨MEMORIAS INVENTADAS,
A TERCEIRA INFÂNCIA¨
de manoel de barros.

livro que recebi de presente
da querida amiga isabelle cristina.

SOBERANIA

NAQUELE DIA , NO MEIO DO JANTAR, EU CONTEI QUE
TENTARA PEGAR NO RABO DO VENTO, MAS O RABO DO
VENTO ESCORREGAVA MUITO E EU NÃO CONSEGUI
PEGAR. EU TERIA SETE ANOS. A MÃE FEZ SORRISO
CARINHOSO PARA MIM E NÃO DISSE NADA.MEUS IRMÃOS
DERAM RISADAS ME GOZANDO. O PAI FICOU PREOCUPADO
E DISSE QUE EU TIRAVA VAREIO DE IMAGINAÇÃO.
MAS QUE ESSES VAREIOS ACABARIAM COM O TEMPO.
E ME MANDOU ESTUDAR OS LIVROS. EU VIM ,E LOGO ALI
ALGUNS TOMOS HAVIDOS NA BIBLIOTECA DA ESCOLA
E DEI DE ESTUDAR PRA FRENTE. APRENDI A TEORIA
DAS IDÉIAS E DA RAZÃO PURA. ESPECULEI FILÓSOFOS
E ATÉ CHEGUEI AOS ERUDITOS, AOS HOMENS DE GRANDE
SABER; ACHEI QUE OS ERUDITOS, NAS ALTAS
ABSTRAÇÕES, SE ESQUECIAM DAS COISAS SIMPLES.
FOI AI QUE ENCONTREI ALBERT EINSTEIN. QUE ME
ENSINOU ESSA FRASE ¨ A IMAGINAÇÃO É MAIS
IMPORTANTE DO QUE O SABER ¨ .
FIQUEI ALCANDORADO! E FIZ UMA BRINCADEIRA. BOTEI
UM POUCO DE INOCÊNCIA NA ERUDIÇÃO. E DEU CERTO.
MEU OLHO COMEÇOU A VER DE NOVO AS POBRES COISAS
DO CHÃO MOLHADO DE ORVALHO. E VI AS BORBOLETAS.
E MEDITEI SOBRE BORBOLETAS. VI QUE ELAS DOMINAM
O MAIS LEVE SEM PRECISAR MOTOR ALGUM NO CORPO.
E VI QUE ELAS PODEM POUSAR NA FLORES E NAS PEDRAS
SEM MAGOAR A PROPRIAS ASAS.
E PERCEBI QUE O HOMEM NÃO TEM SOBERANIA
NEM PARA SER UM BENTEVI.


(manoel de barros)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CARCAÇA















CARNE , CARNE ... ! TU TREMES ?
TREMERIAS AINDA MAIS
SE SOUBESSE ONDE TE LEVO .


(frase atribuida a turrene .citado no livro de nietzsche a gaia ciência)

domingo, 26 de setembro de 2010

ITINERÁRIO

Hoje eu escolhi o caminho mais longo.
e deixei ser apenas um cisco
o objeto da minha distância.

Hoje eu quis ter asas e romper setembro.
como icaro querendo morada no sol .

Mas como fugir daquilo que levo por dentro?
se sempre me perco entre prédios famintos ,
engolidores de gente.

Com suas sombras gigantes
e suas solidões geométricas.


(Moisés Poeta )

sábado, 11 de setembro de 2010

JAZZ , BLUES E POESIA ; SUAVE ERA A NOITE...

na década de 50 ,em new orleans-usa,
reduto do jazz e do blues,
era comum os artistas locais se reunirem
em bares seletos da cidade.
naquela atmosfera intimista e harmoniosa
o ambiente sempre era regado com muito
jazz, blues e poesia.

entre um jazz e um blues
alguns poetas subiam no palco
e declamavam poemas
tão profundos como esse:

(( Se o coração é o lugar de onde vem o amor,
então para onde vai o amor quando morre?
de volta ao coração de onde veio.
ou se transforma em lágrimas
nos nossos olhos ... ))

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O COLECIONADOR DE GRITOS















SILÊNCIO !

DAS GAVETAS DO MUNDO VIRÁ UM GRITO !
ESPESSO...!

CRUZANDO FRONTEIRAS ,
ARRASTANDO CAMINHOS...

RISCANDO COM RAIVA O CÉU CINZENTO.

VIRÁ UM GRITO DA BOCA ARREGANHADA.
RODOPIANDO COM A FORÇA DE MIL ECOS
MALDIZENDO OS CONFINS.

VIRÁ PRECISO ! INFALÍVEL !!
ENVERGANDO HORIZONTES
COMO CHAPAS DE ALUMÍNIO .

E CHEGARÁ ATÉ NÓS , INTACTO !

SEM SILABAS !

COM MÁGOA

E COM RANCOR.


(moisés poeta )

quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS ÚLTIMOS DESEJOS DE ALEXANDRE

OS 3 ÚLTIMOS DESEJOS
DE ALEXANDRE , O GRANDE:

1: que seu caixão fosse transportado
pelas mãos de médicos da época.

2: que fosse espalhado no caminho
até seu túmulo os seus tesouros.
como prata, ouro e pedras preciosas.

3: que suas duas mãos fossem
deixadas balançando no ar
durante o trajeto, á vista de todos.

um dos seus generais, intrigado, perguntou
a alexandre quais as razões desses pedidos
e ele explicou :

1: quero que os mais iminentes médicos
carreguem meu caixão para mostrar
que eles não têm poder de cura perante
a morte;

2:quero que o chão seja coberto pelos
meus tesouros para que as pessoas vejam
que os bens aqui conquistados
aqui permanecem;

3:quero que minhas mãos balancem
ao vento para que as pessoas possam ver
que de mãos vazias viemos,
e de mãos vazias partiremos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

paulo bomfim e os jovens soldados de 32

em 9 de julho de 1932 são paulo uniu-se em torno
de uma bandeira chamada democracia.
desejava uma constituinte para arrumar
as leis de um país que marchava para uma
ditadura com getúlio vargas no poder.
essa revolução levou muitos soldados
para o campo de batalha.
830 soldados morreram .
630 paulistas e 200 federais.

o grande poeta ¨paulo bomfim ¨
escreveu um belissimo poema
para esses soldados mortos em combate.
jovens soldados que não tiveram futuro,
que nem sabiam se a causa realmente valia
á pena .

¨ os jovens de 32¨

-onde estais com vossos ponchos,
os fuzis sem munição,
os capacetes de aço,
os trilhos do trem blindado,
o leme de vossas vidas,
a saga de vossos passos... onde estão?

em que ossário vossa audácia
fala aos que dormem por fuga,
em que campo vossa morte
clama aos que morrem em vida,
em que luta vosso luto
amortalha os tempos novos?

voltai daquelas trincheiras,
voltai de vosso martirio,
voltai com ou sem aqueles ideais,
voltai com o sangue que destes,
voltai com os brios de julho,
voltai ao chão ocupado,
voltai à causa esquecida,
voltai à terra traida,
voltai , jovens soldados...
apenas ...voltai !

( paulo bomfim)






sábado, 12 de junho de 2010

O PRISIONEIRO DE OLHOS MANSOS









Festim para o pouso do corpo,
de onde o canto amestrado nasce.
inoxidável...

Fatia de um pássaro de olhos mansos,
ao modelar fantasias de vôo.

Sonharia arquipélogo de cores ?

Puro delirio cruel que se alça,
com a dor aguda do corpo.
sem geografia para as suas viagens .

Mas , fidalgo, ergue o canto.
(reflexo unico do corpo)
gula de bico da eterna plumagem.

Ele agita suas asas
de côcoras para o mundo.

E o vôo, por dentro ,

Enfim

Se alça .




(Moisés Poeta)

domingo, 30 de maio de 2010

FIGA GIGANTE

o homem , senhor de tudo ,
é tão ambicioso que cobiça
uma outra vida após a morte.

epitáfio no túmulo do auspicioso:

¨ aqui jaz ... mas não para sempre... ¨




( moisés poeta)


quinta-feira, 29 de abril de 2010

CALIGRAFIA











Dúbia é a linha por onde sigo

Nela o desconhecido
tem seu dedo apontado para mim
-meu grande desafio.

Flexivel e destituido de tudo
o meu copo vazio é o meu
ponto de partida.

Que me remete
em busca do meu alvo:
a sintese de tudo,ou quase tudo...

Intenso é o fogo que arde constante,
onde forjo minha espada invisivel.
companheira do meu eu reflexivo,
escada que me evolui
e que me orienta.
meu espelho retrovisor...

Dos enigmas de mim mesmo
meu coração é a parte de mim
que não decifro.
mas dele vem a voz que me renova
e pondera meu olho cético.

Imprevisíveis
são os caminhos do meu amanhã.

Fronteiras
que desejo atravessar sem pedágio.
(minha moeda é cada segundo que vivo)

Mas no pulso
sinto forte o passo que me leva.
nada me parece intransponivel.

Pois na aurora de cada dia
sempre um trilho se abre.

É a minha pequena porta.

Ponte...

De um rio que corre dentro de mim.



(Moisés Poeta)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

AUSÊNCIA











QUANDO VI TEU ROSTO:

FOTOGRAFIA COLORIDA
RETIDA NA MINHA LEMBRANÇA...

MINHA SAUDADE
FEZ-SE PEDRA PONTIAGUDA
A ESTILHAÇAR-ME A ALMA.

(moisés poeta)

quarta-feira, 10 de março de 2010

O JARDINEIRO INCONSOLÁVEL









Tudo o que morri ontem não foi o suficiente.
morrerei mais vezes...

Afinal , um bêbado nunca carrega bússola,
e a noite sempre é fecunda
no seu olhar infravermelho.

Nessa noite de mil léguas percorridas
comovo-me em saber que tudo se dissolve
em minha volta.

É um tempo de quadros difusos,
de caminhos despedaçados...

Todas as citações falam de guerra
e a insônia so é desfeita com o beijo
na bandeira do vizinho sem virtudes.
rodando a roleta na praça dos mercados.

É um tempo dificil, confuso...!
em que o homem cava a honra de ter
sido criado à imagem de deus.

Do deus sem face...
oculto em toda sua singularidade...

É um tempo de luta,
de homens de pés descalços.
onde a miséria faz comicio nas vielas.

A exagerada lucidez sempre me cega
e me tapa os ouvidos.
nessa noite de embriaguez perambulante
eu quase ouço o barulho das águas...

O jardineiro-poeta-suicida
concluiu seu ultimo verso
antes de beijar as águas
no fundo do oceano :

-Hoje em dia...as flores crescem com cautela...




(Moisés Poeta)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O BAILARINO DOS ANDAIMES

ja é noite , e a rima do operário...insiste.

por sobre o andaime
seu suor lava os defeitos incultos da sua palavra.

ele é o vento que gira o moinho
na pausa heróica da fome.

para ele é preciso a diciplina nos braços
zangar-se do sono e fugir do assédio da dor,
que vem pela fratura da alma.

é preciso traquejo , força...
gana no preparo da causa.
alinhar com pressa suas selas de montaria.
jurar de morte o medo que se avizinha.

o operario dos andaimes
bebe o descanso na trégua da dança.
em goles minúsculos e com a efervescência
dos afogados.

ele bebe o liquido dos aflitos,
esmiuçado nas exigências da barriga.

para ele
tudo é véspera de cimento na parede.
mas ele sabe que seu tempo é breve
e que nossa pele sempre soube dar
lições de despedida.

tem pés e mãos cozidos no cimento.

e uma certeza perpetuada nos ossos:

viver ,
desde a semente,
é ter o cheiro da luta
impregnado no corpo.




(moisés poeta)






segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

OMAR KHAYYAM

a sabedoria singular
do poeta persa omar khayyam:
(1048-1131)


(eu nunca sou , eu sempre ¨tento¨ ser .
pois houve um dia em que eu
consegui ser .
e naquele dia... não mais busquei.)



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A SOLIDÃO DO NOME











velho ! velho...!
tudo era velho .

seu teto era velho,
seu piso era velho.
seu sentimento era velho...
e naufragava em um mar sem porto.

velho seu sapato,
suas meias , seu casaco.
seu choro era velho...

velha sua angústia ,sua aflição...mágoa.

ali os anos tinham bocas enormes,
engoliam os calendários.

desbotando as cores
dos seus velhos sonhos.

pois até as demolições eram velhas,
giratorias e sem protocolos.

até que um dia
seu velho espelho
mirou seu velho rosto.

e sem cerimônia
assobiou-lhe
uma velha
canção
de morte.




(moisés poeta)



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O ESTAGIÁRIO











sempre fica um pouco
de poeira por sobre a pele.

e o mágico bocejo das folhas que caem
nessas ruas que atravesso...

amo todos os meus delirios
e essa pausa no caminho.
esse meu ficar ... no desgarro de tudo.

mas sei que esse meu tempo,
esse meu agora ,
é uma flor idilica que metamorfoseia.
pois tudo de repente ja vira lembrança.
bem antes que o chão receba
meu próximo passo.

amo todos os meus momentos
e essa estada no caminho.

porque sei que lá no futuro,
bem lá no fim da linha...

eu serei um homem

varado de saudades.





(moisés poeta)




terça-feira, 5 de janeiro de 2010

DEMOLIÇÕES

Rápida espingarda de chumbos mortais
passeia na selva de dentro de mim.

Miro a miragem desse fogo bastardo,
meu enguiço por dentro dispensa uma fuga.

Minha palavra tem curto alcance,
e a tal fome de tudo rasteja no chão.

Sou agora esse pássaro na mira do tiro

Sem ritmo exato na alçada do vôo.