quarta-feira, 10 de março de 2010

O JARDINEIRO INCONSOLÁVEL









Tudo o que morri ontem não foi o suficiente.
morrerei mais vezes...

Afinal , um bêbado nunca carrega bússola,
e a noite sempre é fecunda
no seu olhar infravermelho.

Nessa noite de mil léguas percorridas
comovo-me em saber que tudo se dissolve
em minha volta.

É um tempo de quadros difusos,
de caminhos despedaçados...

Todas as citações falam de guerra
e a insônia so é desfeita com o beijo
na bandeira do vizinho sem virtudes.
rodando a roleta na praça dos mercados.

É um tempo dificil, confuso...!
em que o homem cava a honra de ter
sido criado à imagem de deus.

Do deus sem face...
oculto em toda sua singularidade...

É um tempo de luta,
de homens de pés descalços.
onde a miséria faz comicio nas vielas.

A exagerada lucidez sempre me cega
e me tapa os ouvidos.
nessa noite de embriaguez perambulante
eu quase ouço o barulho das águas...

O jardineiro-poeta-suicida
concluiu seu ultimo verso
antes de beijar as águas
no fundo do oceano :

-Hoje em dia...as flores crescem com cautela...




(Moisés Poeta)