terça-feira, 12 de junho de 2012

Lázaro



Lázaro , Lázaro !
Sou atento ao paraíso que te chamou pelo nome .
quando tudo era silêncio , quando nada se movia.

Porém aqui tudo que escuto é diferente.
aqui os signos tombam e nenhum Deus reverbera.

Será que é medo essas manhãs sem algarismos ?

Também corri atrás da mesma luz que você.
atrás do mesmo chamado , na superfície mais doce da fábula.

E sei do lenho entre as pedras. 
dos gestos que não vingam.
mas que se repetem na nossa épica jornada.

Aqui a luz é pouca , Lázaro!
cíclica , foge ao compromisso de ser grande
e não sugere um novo pacto.

Sua tarefa é cada vez mais onerosa.
sem milagres , e sem o brilho secreto para gerar novas sementes.

Apenas esse roteiro indecifrável é a nossa eternidade.
com suas asas , e suas danações.

Aqui a luz é pouca , Lázaro !
mas sou  atento áquela voz que te chamou pelo nome .

 E de algumas mortes 
   
    Também sei voltar .




(Moisés Poeta)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

HORDAS

O céu é esse
e nada além de brisa que resvala sobre o chão pisoteado.

O dia tropeça ,
oscila entre estátuas de bronze e bandeiras hasteadas.

Quem nos defende desse cenário controverso ?
dessa pátria sem oficio aberta ao meio...

Hoje tudo que vejo é um céu dissimulado .
enquanto os becos engolem garganta adentro,
essas hordas de mendigos que surgem do nada.


(Moisés Poeta)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mural

Por mim não haveria a degola das galinhas
nem castanhas ,e nem fogos de artifícios.

Dispensaria as flores jogadas no oceano,
e os delírios dessa noite ruidosa.

Apenas faria um brinde a vida
e ao coração delicado das crianças.

Ao amor , promessa de vida longa.
e se possível, sobre nós, deitar suas raízes.

Não mais promessas a meia noite,
ou lembranças de um tempo já perdido.

Porque , afinal,o que todos nós queremos de verdade,
é a queda de todas as muralhas.

E o fim dos dogmas que separam os homens.



(Moisés de carvalho)