terça-feira, 31 de julho de 2018

Testamento

Nada deixarei  , 
além desse rebanho de nuvens que urdiram meus sonhos
em tempos de poesia e pedra.

Que de tudo sei somente desses ossos da matéria
entregue ao desgaste , solo e ventania.

Agora entendo aquele fogo secreto,
de alguns caminhos , nunca podemos voltar.






(Moisés de Carvalho)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

PARTILHA

E se eu não estiver mais ao seu lado 
quando o sol se levantar ?
E eu não ouvir mais a sua voz 
a despertar meu sono...

E se os caminhos perante meus pés
não mais se abrirem ?

Onde aportarei meus versos
e essa saudade dando voltas no meu peito ?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Lázaro



Lázaro , Lázaro !
Sou atento ao paraíso que te chamou pelo nome .
quando tudo era silêncio , quando nada se movia.

Porém aqui tudo que escuto é diferente.
aqui os signos tombam e nenhum Deus reverbera.

Será que é medo essas manhãs sem algarismos ?

Também corri atrás da mesma luz que você.
atrás do mesmo chamado , na superfície mais doce da fábula.

E sei do lenho entre as pedras. 
dos gestos que não vingam.
mas que se repetem na nossa épica jornada.

Aqui a luz é pouca , Lázaro!
cíclica , foge ao compromisso de ser grande
e não sugere um novo pacto.

Sua tarefa é cada vez mais onerosa.
sem milagres , e sem o brilho secreto para gerar novas sementes.

Apenas esse roteiro indecifrável é a nossa eternidade.
com suas asas , e suas danações.

Aqui a luz é pouca , Lázaro !
mas sou  atento áquela voz que te chamou pelo nome .

 E de algumas mortes 
   
    Também sei voltar .




(Moisés Poeta)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

HORDAS

O céu é esse
e nada além de brisa que resvala sobre o chão pisoteado.

O dia tropeça ,
oscila entre estátuas de bronze e bandeiras hasteadas.

Quem nos defende desse cenário controverso ?
dessa pátria sem oficio aberta ao meio...

Hoje tudo que vejo é um céu dissimulado .
enquanto os becos engolem garganta adentro,
essas hordas de mendigos que surgem do nada.


(Moisés Poeta)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mural

Por mim não haveria a degola das galinhas
nem castanhas ,e nem fogos de artifícios.

Dispensaria as flores jogadas no oceano,
e os delírios dessa noite ruidosa.

Apenas faria um brinde a vida
e ao coração delicado das crianças.

Ao amor , promessa de vida longa.
e se possível, sobre nós, deitar suas raízes.

Não mais promessas a meia noite,
ou lembranças de um tempo já perdido.

Porque , afinal,o que todos nós queremos de verdade,
é a queda de todas as muralhas.

E o fim dos dogmas que separam os homens.



(Moisés de carvalho)






terça-feira, 23 de agosto de 2011

FILIAÇÃO

Uni meu nome ao meu oficio ,
na solda e no giro da espinha.

E por querer mais que a solda ,
fiz poesia descalço.

Sem a velha forma acadêmica ,
e sem a profusão dos prodígios.

Apenas usei chapéu na face clara ,
e no cálculo metafísico que a matéria exige.

Uni com minúcia e selei meu destino .

no fisgo da poesia.

o lenho do oficio ,
no umbigo do nome.



(moisés poeta)

terça-feira, 5 de julho de 2011

BALDEAÇÕES

(para o poeta Lorde Canhoto ,
que numa explosão de asas , partiu para uma terra estrangeira
em busca de multiplicidade.
o poeta desloca-se , avança...e amplifica sua visão privilégiada
quando percebe que seu cálculo poético cedeu lugar apenas
para as suas danações . o poeta sabe que todo tempo é histórico
e concentra-se , coeso , no percurso.
pois tem consciência que a poesia ,não é para ser inventada,
e sim para ser encontrada.)

O poema doi , e declina cabisbaixo.
pouco serve leva-lo sobre os ombros
no sabido manuseio.

O poema , em breve rota, transita mas não vinga.
ja não se atreve a andar á luz do dia
e é réu por surgimento , desde o ventre até a forma.

Outrora o poeta pelo fogo se encantava.
sangrava em seus manuscritos, e limava a flor erguida
em nome da amada.

Mas na vertigem tem os pés voltados para dentro.
que sentencia-lhe a linguagem dos iguais,
em vias limitadas.

Pesa-lhe as pálpebras adormecidas ,
na vigilia por essências inutilmente sobejadas.

Contudo , ele precisa lançar-se em terra estrangeira.
de geometria serena , de horas litúrgicas...

Ele precisa aprisionar o tigre e seu pássaro de fogo !

Não use mais o vermelho , poeta !
ensalive a palavra mais bonita e ministre seus nervos
estendidos e dilatados.

Antes que perca de vez o cerne da sua angústia,
sobre a qual florescem seus olhos de espanto.


(Moisés Poeta)

terça-feira, 24 de maio de 2011

O BECO

Eu pretendia descobrir os segredos do beco.
estendi minha mão ao seu encontro.
(sangue e carne na moenda do tempo)

daquilo que lhe pertence , seria eu o seu pêndulo.
era essa a aliança invisivel .
a gota insecável regando seus frutos.
duros como pedra.

eu pretendia sondar-lhe os extremos.
seus ciclos formidáveis de liame.

mas o beco tem a sua hierarquia.
e dentro da sua linhagem uma alma insondável.

não tive mais que um aceno.
um parco aceno de uma luz enigmática.
metafórica...

que mal se via na construção da noite.
varava no buraco de uma agulha.

sucumbindo entre as paredes do beco.

onde riscavam

poemas de aço.




(moisés poeta)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O FIO FINO DA CORDA

Não adianta somente abandonar os sábados,
e nem os licores arremetidos para dentro.
é preciso também afiar os ouvidos!

Quando o trem passou ,a noite tinha lábios carnudos
e meu corpo perambulava...

O que sabia eu quando a vida rolou  os dados
no fio fino da corda ?

(aquele trem que eu não peguei
prende a minha história pelo rabo.)

Não adianta apenas acender fogueiras em rituais,
em busca da eternidade.

So os tolos contornam as mesas
e iludem a fome em camas de pregos.

O trem passa com fúria.
e pouco vale essa roupa grudada na pele,
e essa alma presa no corpo.

É preciso afiar os ouvidos,
e principalmente molhar os pés.

E se não for assim,
morrerás com a testa na calçada,
invocando idolos imaginários .

Ou perdido no cio da noite,
inalando o perfume de uma flor embriagada.


(Moisés Poeta)



quinta-feira, 17 de março de 2011

E NÃO SOBROU NINGUÉM









¨ Um dia vieram e levaram meu vizinho que era negro.
como não sou negro,eu nada falei.

Depois vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
como não sou judeu , não me incomodei.

Em seguida levaram meu vizinho que era comunista.
calei-me, pois afinal ,eu não era comunista.

No quarto dia , eles vieram e levaram
o meu vizinho , que era sindicalista.
e novamente não protestei.

Até que um dia eles vieram e me levaram.
então percebi que ja não havia mais ninguém
para protestar...¨


( Martin Niemoller-simbolo da resistência nazista)


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PURO SANGUE

para SI FERNANDES


Debaixo do ceú azul
uma poeta sem destino
passeia...!

Bebe na fonte do parque
com suas lupas gigantes
e seus engasgos triviais.

Caça um verso como quem caça a alma.
poesia rascante , para a efervescência de todas
as chegadas , e partidas...!

Atenta , ela não esmiúça o óbvio.
e duvida do puro sangue na superfície.
(versos de aço para a insônia dos aflitos)

Ela reza suas lendas com a determinação
que reside em sua escrita.

E assim como tece ,com esmero, violetas que não morrem.
também é dela aquele feroz tomo de versos,
para o alinhamento de todos os suicídios.



( Moisés Poeta)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS

















FUI À FLORESTA PORQUE
EU QUERIA VIVER DE VERDADE.

EU QUERIA TIRAR TODA A ESSÊNCIA DA VIDA.

FAZER APODRECER TUDO QUE NÃO ERA VIDA.

E NÃO , QUANDO MORRER,
DESCOBRIR QUE NADA VIVI , DE VERDADE.


(trecho do filme : sociedade dos poetas mortos)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

RENDIÇÃO

Antes da queda duelei com o tempo.
(maldita efemeridade que não dorme)
e minha causa até parecia ter sentido.

Porém descobri que o tempo
não é somente uma lei;
é tambem uma pedra esculpida em meus ossos.

Antes da queda , eu era um homem que se movia
emigrado da falsa claridade da noite.
mas mesmo na penumbra,eu possuia as minhas
armas de defesa,e ainda trazia comigo o fresco
vigor dos embates.

Hoje me cumpro em varias mortes.
e me despenco entre meus ossos;

Um poeta sem livros e sem filhos...

E agora ?

Quem herdará de mim a fraca memória de datas
e a vermelha flor de fogo que trago entre os dentes?

Quem ?



(Moisés Poeta)


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

¨CHARLES BUKOWSKI , O MALDITO¨












dos poetas-escritores malditos,
bukowski sempre foi o de minha preferência.
com sua escrita regada a muito whisky de varias
safras, ele influênciou e continua influênciando
gerações .

até morrer aos 73 anos em 1994,ele conseguia
tirar poemas das sarjetas mais imundas, e
trazê-los á luz com sua habitual melancolia.

aqui esta bukowski, um pouco suave :


¨se vai tentar
siga em frente.

senão, nem começe!
isso pode significar perder namoradas,
esposas ,familia,trabalho, e talvez...a cabeça.

pode significar ficar sem comer por dias.
pode significar congelar em um parque.
pode significar cadeia.
pode significar caçoadas, desolação...

desolação é o presente.
o resto é uma prova de sua paciência.
do quanto realmente quis fazer.
e fará , apesar do menosprezo,
e será a melhor coisa que possa imaginar.

se vai tentar , vá em frente.
não há outro sentimento como esse.
ficará sozinho com os deuses,
e as noites serão quentes.
levará a vida com um sorriso perfeito.
e isso é a unica coisa que vale a pena. ¨

(charles bukowski)








sábado, 27 de novembro de 2010

O MANGUE - ( no caminho sem chorar )

o dia ainda tremia suas impaciências
quando uma brisa quase adormecida
trouxe no discreto cheiro de mar o prenúncio
de uma nova tempestade.

o ambiente era desolador...
e fluia o ceú do mangue , de onde nuvens negras
em algazarra assistiam de camarote o levante das marés.

21 de novembro de 2010
vai ficar para sempre na memória daqueles moradores.

quem viu o sacolejo da miséria ?
ali os raios trincaram o ceú de novembro
e a chuva, precisa no arremate,envergou o dia.

vi uma mulher sentada na garupa da agonia.
com seus olhos vermelhos e sua lingua inflada
de xingar o mundo.
tinha parte do corpo coberto de lama
e um pedaço de vida ainda por viver.
maria dolores barbosa...faxineira de rosto duro,
magricela até na fala.

dificil não era auxiliar aquela mulher
naquela tarde sem nome.
dificil mesmo era fita-la e ver por inteiro
a face daquele cansaço.

ja era quase noite quando adentrei de vez
no coração daquele mangue.

aquele cenário sinistro,
aqueles barracos tombados,
aquela miséria estampada.

tudo...tudo me estilhaçava !


(moisés poeta)



domingo, 7 de novembro de 2010

MANOEL DE BARROS E A SIMPLICIDADE

texto extraido do livro :
¨MEMORIAS INVENTADAS,
A TERCEIRA INFÂNCIA¨
de manoel de barros.

livro que recebi de presente
da querida amiga isabelle cristina.

SOBERANIA

NAQUELE DIA , NO MEIO DO JANTAR, EU CONTEI QUE
TENTARA PEGAR NO RABO DO VENTO, MAS O RABO DO
VENTO ESCORREGAVA MUITO E EU NÃO CONSEGUI
PEGAR. EU TERIA SETE ANOS. A MÃE FEZ SORRISO
CARINHOSO PARA MIM E NÃO DISSE NADA.MEUS IRMÃOS
DERAM RISADAS ME GOZANDO. O PAI FICOU PREOCUPADO
E DISSE QUE EU TIRAVA VAREIO DE IMAGINAÇÃO.
MAS QUE ESSES VAREIOS ACABARIAM COM O TEMPO.
E ME MANDOU ESTUDAR OS LIVROS. EU VIM ,E LOGO ALI
ALGUNS TOMOS HAVIDOS NA BIBLIOTECA DA ESCOLA
E DEI DE ESTUDAR PRA FRENTE. APRENDI A TEORIA
DAS IDÉIAS E DA RAZÃO PURA. ESPECULEI FILÓSOFOS
E ATÉ CHEGUEI AOS ERUDITOS, AOS HOMENS DE GRANDE
SABER; ACHEI QUE OS ERUDITOS, NAS ALTAS
ABSTRAÇÕES, SE ESQUECIAM DAS COISAS SIMPLES.
FOI AI QUE ENCONTREI ALBERT EINSTEIN. QUE ME
ENSINOU ESSA FRASE ¨ A IMAGINAÇÃO É MAIS
IMPORTANTE DO QUE O SABER ¨ .
FIQUEI ALCANDORADO! E FIZ UMA BRINCADEIRA. BOTEI
UM POUCO DE INOCÊNCIA NA ERUDIÇÃO. E DEU CERTO.
MEU OLHO COMEÇOU A VER DE NOVO AS POBRES COISAS
DO CHÃO MOLHADO DE ORVALHO. E VI AS BORBOLETAS.
E MEDITEI SOBRE BORBOLETAS. VI QUE ELAS DOMINAM
O MAIS LEVE SEM PRECISAR MOTOR ALGUM NO CORPO.
E VI QUE ELAS PODEM POUSAR NA FLORES E NAS PEDRAS
SEM MAGOAR A PROPRIAS ASAS.
E PERCEBI QUE O HOMEM NÃO TEM SOBERANIA
NEM PARA SER UM BENTEVI.


(manoel de barros)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CARCAÇA















CARNE , CARNE ... ! TU TREMES ?
TREMERIAS AINDA MAIS
SE SOUBESSE ONDE TE LEVO .


(frase atribuida a turrene .citado no livro de nietzsche a gaia ciência)

domingo, 26 de setembro de 2010

ITINERÁRIO

Hoje eu escolhi o caminho mais longo.
e deixei ser apenas um cisco
o objeto da minha distância.

Hoje eu quis ter asas e romper setembro.
como icaro querendo morada no sol .

Mas como fugir daquilo que levo por dentro?
se sempre me perco entre prédios famintos ,
engolidores de gente.

Com suas sombras gigantes
e suas solidões geométricas.


(Moisés Poeta )

sábado, 11 de setembro de 2010

JAZZ , BLUES E POESIA ; SUAVE ERA A NOITE...

na década de 50 ,em new orleans-usa,
reduto do jazz e do blues,
era comum os artistas locais se reunirem
em bares seletos da cidade.
naquela atmosfera intimista e harmoniosa
o ambiente sempre era regado com muito
jazz, blues e poesia.

entre um jazz e um blues
alguns poetas subiam no palco
e declamavam poemas
tão profundos como esse:

(( Se o coração é o lugar de onde vem o amor,
então para onde vai o amor quando morre?
de volta ao coração de onde veio.
ou se transforma em lágrimas
nos nossos olhos ... ))

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O COLECIONADOR DE GRITOS















SILÊNCIO !

DAS GAVETAS DO MUNDO VIRÁ UM GRITO !
ESPESSO...!

CRUZANDO FRONTEIRAS ,
ARRASTANDO CAMINHOS...

RISCANDO COM RAIVA O CÉU CINZENTO.

VIRÁ UM GRITO DA BOCA ARREGANHADA.
RODOPIANDO COM A FORÇA DE MIL ECOS
MALDIZENDO OS CONFINS.

VIRÁ PRECISO ! INFALÍVEL !!
ENVERGANDO HORIZONTES
COMO CHAPAS DE ALUMÍNIO .

E CHEGARÁ ATÉ NÓS , INTACTO !

SEM SILABAS !

COM MÁGOA

E COM RANCOR.


(moisés poeta )

quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS ÚLTIMOS DESEJOS DE ALEXANDRE

OS 3 ÚLTIMOS DESEJOS
DE ALEXANDRE , O GRANDE:

1: que seu caixão fosse transportado
pelas mãos de médicos da época.

2: que fosse espalhado no caminho
até seu túmulo os seus tesouros.
como prata, ouro e pedras preciosas.

3: que suas duas mãos fossem
deixadas balançando no ar
durante o trajeto, á vista de todos.

um dos seus generais, intrigado, perguntou
a alexandre quais as razões desses pedidos
e ele explicou :

1: quero que os mais iminentes médicos
carreguem meu caixão para mostrar
que eles não têm poder de cura perante
a morte;

2:quero que o chão seja coberto pelos
meus tesouros para que as pessoas vejam
que os bens aqui conquistados
aqui permanecem;

3:quero que minhas mãos balancem
ao vento para que as pessoas possam ver
que de mãos vazias viemos,
e de mãos vazias partiremos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

paulo bomfim e os jovens soldados de 32

em 9 de julho de 1932 são paulo uniu-se em torno
de uma bandeira chamada democracia.
desejava uma constituinte para arrumar
as leis de um país que marchava para uma
ditadura com getúlio vargas no poder.
essa revolução levou muitos soldados
para o campo de batalha.
830 soldados morreram .
630 paulistas e 200 federais.

o grande poeta ¨paulo bomfim ¨
escreveu um belissimo poema
para esses soldados mortos em combate.
jovens soldados que não tiveram futuro,
que nem sabiam se a causa realmente valia
á pena .

¨ os jovens de 32¨

-onde estais com vossos ponchos,
os fuzis sem munição,
os capacetes de aço,
os trilhos do trem blindado,
o leme de vossas vidas,
a saga de vossos passos... onde estão?

em que ossário vossa audácia
fala aos que dormem por fuga,
em que campo vossa morte
clama aos que morrem em vida,
em que luta vosso luto
amortalha os tempos novos?

voltai daquelas trincheiras,
voltai de vosso martirio,
voltai com ou sem aqueles ideais,
voltai com o sangue que destes,
voltai com os brios de julho,
voltai ao chão ocupado,
voltai à causa esquecida,
voltai à terra traida,
voltai , jovens soldados...
apenas ...voltai !

( paulo bomfim)






sábado, 12 de junho de 2010

O PRISIONEIRO DE OLHOS MANSOS









Festim para o pouso do corpo,
de onde o canto amestrado nasce.
inoxidável...

Fatia de um pássaro de olhos mansos,
ao modelar fantasias de vôo.

Sonharia arquipélogo de cores ?

Puro delirio cruel que se alça,
com a dor aguda do corpo.
sem geografia para as suas viagens .

Mas , fidalgo, ergue o canto.
(reflexo unico do corpo)
gula de bico da eterna plumagem.

Ele agita suas asas
de côcoras para o mundo.

E o vôo, por dentro ,

Enfim

Se alça .




(Moisés Poeta)

domingo, 30 de maio de 2010

FIGA GIGANTE

o homem , senhor de tudo ,
é tão ambicioso que cobiça
uma outra vida após a morte.

epitáfio no túmulo do auspicioso:

¨ aqui jaz ... mas não para sempre... ¨




( moisés poeta)


quinta-feira, 29 de abril de 2010

CALIGRAFIA











Dúbia é a linha por onde sigo

Nela o desconhecido
tem seu dedo apontado para mim
-meu grande desafio.

Flexivel e destituido de tudo
o meu copo vazio é o meu
ponto de partida.

Que me remete
em busca do meu alvo:
a sintese de tudo,ou quase tudo...

Intenso é o fogo que arde constante,
onde forjo minha espada invisivel.
companheira do meu eu reflexivo,
escada que me evolui
e que me orienta.
meu espelho retrovisor...

Dos enigmas de mim mesmo
meu coração é a parte de mim
que não decifro.
mas dele vem a voz que me renova
e pondera meu olho cético.

Imprevisíveis
são os caminhos do meu amanhã.

Fronteiras
que desejo atravessar sem pedágio.
(minha moeda é cada segundo que vivo)

Mas no pulso
sinto forte o passo que me leva.
nada me parece intransponivel.

Pois na aurora de cada dia
sempre um trilho se abre.

É a minha pequena porta.

Ponte...

De um rio que corre dentro de mim.



(Moisés Poeta)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

AUSÊNCIA











QUANDO VI TEU ROSTO:

FOTOGRAFIA COLORIDA
RETIDA NA MINHA LEMBRANÇA...

MINHA SAUDADE
FEZ-SE PEDRA PONTIAGUDA
A ESTILHAÇAR-ME A ALMA.

(moisés poeta)

quarta-feira, 10 de março de 2010

O JARDINEIRO INCONSOLÁVEL









Tudo o que morri ontem não foi o suficiente.
morrerei mais vezes...

Afinal , um bêbado nunca carrega bússola,
e a noite sempre é fecunda
no seu olhar infravermelho.

Nessa noite de mil léguas percorridas
comovo-me em saber que tudo se dissolve
em minha volta.

É um tempo de quadros difusos,
de caminhos despedaçados...

Todas as citações falam de guerra
e a insônia so é desfeita com o beijo
na bandeira do vizinho sem virtudes.
rodando a roleta na praça dos mercados.

É um tempo dificil, confuso...!
em que o homem cava a honra de ter
sido criado à imagem de deus.

Do deus sem face...
oculto em toda sua singularidade...

É um tempo de luta,
de homens de pés descalços.
onde a miséria faz comicio nas vielas.

A exagerada lucidez sempre me cega
e me tapa os ouvidos.
nessa noite de embriaguez perambulante
eu quase ouço o barulho das águas...

O jardineiro-poeta-suicida
concluiu seu ultimo verso
antes de beijar as águas
no fundo do oceano :

-Hoje em dia...as flores crescem com cautela...




(Moisés Poeta)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O BAILARINO DOS ANDAIMES

ja é noite , e a rima do operário...insiste.

por sobre o andaime
seu suor lava os defeitos incultos da sua palavra.

ele é o vento que gira o moinho
na pausa heróica da fome.

para ele é preciso a diciplina nos braços
zangar-se do sono e fugir do assédio da dor,
que vem pela fratura da alma.

é preciso traquejo , força...
gana no preparo da causa.
alinhar com pressa suas selas de montaria.
jurar de morte o medo que se avizinha.

o operario dos andaimes
bebe o descanso na trégua da dança.
em goles minúsculos e com a efervescência
dos afogados.

ele bebe o liquido dos aflitos,
esmiuçado nas exigências da barriga.

para ele
tudo é véspera de cimento na parede.
mas ele sabe que seu tempo é breve
e que nossa pele sempre soube dar
lições de despedida.

tem pés e mãos cozidos no cimento.

e uma certeza perpetuada nos ossos:

viver ,
desde a semente,
é ter o cheiro da luta
impregnado no corpo.




(moisés poeta)






segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

OMAR KHAYYAM

a sabedoria singular
do poeta persa omar khayyam:
(1048-1131)


(eu nunca sou , eu sempre ¨tento¨ ser .
pois houve um dia em que eu
consegui ser .
e naquele dia... não mais busquei.)



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A SOLIDÃO DO NOME











velho ! velho...!
tudo era velho .

seu teto era velho,
seu piso era velho.
seu sentimento era velho...
e naufragava em um mar sem porto.

velho seu sapato,
suas meias , seu casaco.
seu choro era velho...

velha sua angústia ,sua aflição...mágoa.

ali os anos tinham bocas enormes,
engoliam os calendários.

desbotando as cores
dos seus velhos sonhos.

pois até as demolições eram velhas,
giratorias e sem protocolos.

até que um dia
seu velho espelho
mirou seu velho rosto.

e sem cerimônia
assobiou-lhe
uma velha
canção
de morte.




(moisés poeta)



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O ESTAGIÁRIO











sempre fica um pouco
de poeira por sobre a pele.

e o mágico bocejo das folhas que caem
nessas ruas que atravesso...

amo todos os meus delirios
e essa pausa no caminho.
esse meu ficar ... no desgarro de tudo.

mas sei que esse meu tempo,
esse meu agora ,
é uma flor idilica que metamorfoseia.
pois tudo de repente ja vira lembrança.
bem antes que o chão receba
meu próximo passo.

amo todos os meus momentos
e essa estada no caminho.

porque sei que lá no futuro,
bem lá no fim da linha...

eu serei um homem

varado de saudades.





(moisés poeta)




terça-feira, 5 de janeiro de 2010

DEMOLIÇÕES

Rápida espingarda de chumbos mortais
passeia na selva de dentro de mim.

Miro a miragem desse fogo bastardo,
meu enguiço por dentro dispensa uma fuga.

Minha palavra tem curto alcance,
e a tal fome de tudo rasteja no chão.

Sou agora esse pássaro na mira do tiro

Sem ritmo exato na alçada do vôo.


domingo, 27 de dezembro de 2009

A ELEGIA DE WILLIAM SHAKESPEARE SOBRE O TEMPO

quando a hora dobra em triste dardo toque.
em noite horrenda vejo escoar-se o dia.
quando vejo esvair-se a violeta.
ou que a prata a tempora preta assedia.

quando vejo sem folha o tronco antigo.
que ao rebanho estendia a sombra franca.
enfeixado agora o verde trigo.
seguir no carro a barba hinsurta e branca.

sobre tua beleza então questiono
que há de sofrer no tempo a dura prova,
pois a graça no mundo em abandono.
morre ao ver nascendo a graça nova.

contra a foice do tempo é vão o combate.
resta a prole que o enfrenta,
se o mesmo te abate.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MARIO QUINTANA

mario quintana enxergava longe.
alguns de seus poemas deixava claro o seu apreço pela metafisica.
aquele pensamento que transcende o normal.
brindou-nos com textos memoraveis , reflexivos...
tudo isso sem se preocupar com formas acadêmicas.
aqui um pequeno exemplo de como a simplicidade é sutilmente abordada,
dando vazão a inúmeras reflexões.


( Olho em redor do bar em que escrevo essas linhas .
aquele homem ali no balcão , caninha após caninha ,
nem desconfia que se acha conosco desde o inicio das eras.
pensa que esta somente afogando problemas dele ...
João da silva... ele esta é bebendo
a milenar inquietação do mundo. )



( mario quintana)


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VIVENTES (cotidiano)

Rubro , um grito seco
rasga o dia.

Onde o som de um martelo
ecoa...!

Eis a sentença :
ali! bem ali...!
onde reinava uma batida enfurecida
dorme agora a carne inútil
assentada na margem do dia.
do caos...

Mas é apenas mais um dia como outro qualquer,
apenas mais um dia com seus minutos se esgotando em seus proprios túneis.

Apenas mais um dia , que nem viu a morte mordendo seus passos.


E muito menos viu

A ultima metamorfose

daquele

pensamento

distante.







(moisés poeta)


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O SARCASMO DE NIETZSCHE












-ATÉ DEUS TEM SEU INFERNO : É O AMOR PELOS HOMENS.

sábado, 5 de dezembro de 2009

em brasilia os ratos continuam circulando livremente , são ratos de colarinho branco , que roubam á luz do sol , da lua... sob qualquer luz . enquanto milhares de pessoas passam fome em nosso pais , vivem em condições precarias , muitos de nossos politicos se ajeitam com pacotes de dinheiro em toda parte do corpo. eles não roubam apenas nosso dinheiro , eles roubam tambem nossa esperança de um dia vermos um brasil decente.



¨ A CRÔNICA DOS RATOS ¨


o modelo elitista
a direita fascista
a esquerda oportunista.

(nem sempre fome é vontade de comer )

o resultado é um sistema quase definitivo.
porque são muitos os adereços persuasivos.

sem visibilidade , nós , os incautos , mordemos a isca .
partitura de um refrão infindavel e pertinente.


na patria da chuteira : ¨ a bola ¨
nossa enciclopédia esférica
onde a palavra ¨ peculato ¨
atinge seu mas alto grau de aspereza.



( moisés poeta)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

o silogismo da amizade














onde estavamos que eu não te percebia ?
nem viu voce meu mundo confidencial onde desnudo-me por inteiro.

no inicio dificil nasceram as raizes.
vi um feixe de primavera nos teus olhos...

agora ...ah ! e agora...!
agora eu peço aos ceús que prolongue nosso ciclo
para que não partamos tão depressa.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

leminsk , o poeta

paulo leminsk , um dos meus poetas preferidos , não poderia deixar de ser lembrado aqui nesse blog. ele se foi... mas a poesia que ele deixou continua a sua caminhada.



¨BEM NO FUNDO¨

no fundo , no fundo.
bem lá no fundo.
gostariamos de ver nossos problemas
resolvidos por decreto.

a partir desta data,
aquela mágoa sem remedio
é considerada nula
e sobre ela -silencio perpétuo.

mas alguns problemas não se resolvem.
problemas tem familia grande.
e aos domingos saem todos para passear.

o problema , sua senhora
e outros pequenos probleminhas.



( paulo leminsk)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

eu queria poder falar so de beleza, amor , paz , liberdade..., mas a vida tem um lado diferente disso tudo. uma machucadura que insiste em não cicatrizar.
esse tema não é a tonica da minha poesia , mas tocar nesse lado social , que muitas vezes esta coberto de verniz , me faz crescer.

LÂMINAS
















O QUE DESMONTA AQUELE CORAÇÃO AMARGURADO
SÃO AS HORAS MARCADAS CORRENDO EM DESALINHO.

NO SONHO SEM PERCURSO
NA ROTA ESTAGNADA...

O QUE DESMONTA AQUELE CORAÇÃO AMARGURADO
É O CAMPO INFÉRTIL DE TODAS AS MANHÃS SEM LUZ.

DE CHÃO RACHADO , DE FENDAS QUE NÃO SE FECHAM.
SEMENTES QUE NÃO GERMINAM...

É O APOIO SUSPENSO DE SUA CAMA FEBRIL.
ONDE REPOUSA AS SUAS AGONIAS.

MAS O QUE MAIS FERE E DESFIGURA
É A DOR DE VER-SE MASTIGANDO OS DIAS.


(Moisés Poeta)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

OS USUÁRIOS














Quem são eles que saem nas madrugadas escuras e frias,
tropeçando em calçadas com passos largos e aflitos?

Quem são os aventureiros
que se afundam no escuro das noites
longas e vazias?

Tão vazias e negras noites
que , delas, dificil é ver o amanhã...

Mas lá vão eles.
desenhando pegadas confusas em caminhos estreitos.

São eles : euforicos notivagos
dobrando esquinas silenciosas
em rotas nocivas e viciadas.

E sempre

Na contra-mão

Dos

Ventos...






(moisés poeta)

domingo, 15 de novembro de 2009

O COMPASSO

a aranha e o dilema de existir.
dentro do seu quadrado o silogismo norteia sua vida.
sua existencia depende de outra existencia.
a mosca é arrancada do seu descanso,
conectando-se, definitivamente, á engrenagem.





segunda-feira, 19 de outubro de 2009

esse é o grande poeta manoel de barros

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.

(manoel de barros)

domingo, 11 de outubro de 2009

A RÃ E O ESCORPIÃO


a historia a seguir é , sem duvida, a mais famosa que a tradição africana nos legou.
muitos lembram que orson welles a contava no seu filme mr. arkadin.

um escorpião , que desejava atravessar um rio , disse a rã :
-me carregue nas costas até o outro lado.
-eu, carregar voce nas costas?-respondeu a rã -de jeito nenhum !
conheço-o bem , se eu te levar nas costas voce vai me picar e vai me matar!

-não seja estupida!-disse o escorpião-se eu a picar voce vai parar no fundo do rio,
e eu, que não sei nadar, vou acabar me afogando!

por um momento os dois continuaram a repisar seus argumentos,
e o escorpião mostrou-se tão persuasivo que a rã aceitou leva-lo nas costas
até o outro lado do rio.

ela o colocou sobre suas costas escorregadias , onde ele se agarrou, e eles começaram a travessia.

quando chegaram no meio do amplo rio o escorpião de repente picou a rã.
esta sentiu o veneno fatal se espalhar pelo seu corpo, e enquanto afundava e arrastava
consigo o escorpião para o fundo , ela lhe gritou:

-esta vendo ? eu tinha falado! porque fez isso ? o que deu em voce ?
-desculpe ! não pude evitar-disse o escorpião antes de afundar junto com a rã-
é a minha natureza.




(fragmento do livro -"o circulo dos mentirosos"-de jean claude carriére)













segunda-feira, 5 de outubro de 2009

e a nave , vai ?

barco á deriva.
o timoneiro cego
e boquirroto
dá as ordens

sem rações.

clandestinos
e mercenarios
sabotam operações.
há muitos ratos a bordo.

o comandante desnorteado
não sabe onde é o leme.

indica o leste
e grita:- terra á vista.
mas vende a prestações.

a carne é pouca
o tempo curto.
as bocas são muitas e vorazes.

e la vão todos.
mestres que enjoam em terra,
percadores de aguas turvas.

o imediato é da esquadra inimiga.
todos porém no mesmo barco.
marinheiros de ultima viagem
em direção ao fundo.

no porão, escravos.
em volta, tubarões.

a bússola , que norteia
aponta o sul.



(erico verissimo)




quarta-feira, 30 de setembro de 2009

sugestão de poeta

em plena avenida paulista , na cidade de são paulo, encontra-se a casa de poesia haroldo de campos , aberta para o grande público . uma otima opção para quem gosta de poesia .
lugar super aconchegante onde muitas pessoas se encontram para uma boa conversa , algumas até para tirar fotos . sugiro para todos os amantes de poesia.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

equivoco na literatura


no caminho com maiakóvski

“EDUARDO ALVES DA COSTA é autor de alguns dos maiores e mais belos poemas da língua portuguesa. O fragmento de um deles, No Caminho, com Maiakóvski, sem dúvida o mais popular — transformado em bandeira contra a ditadura nos anos 70, em pôster, cartões postais, estampa de camiseta da campanha Diretas Já, mensagem massificada na Internet — já foi conhecido, em todo o Brasil, como o poema mais famoso e representativo de... Vladimir Maiakóvski, o poeta russo. O equívoco, que durou muitos anos, é mais uma vez corrigido.


Assim como a criança

humildemente afaga

a imagem do herói,

assim me aproximo de ti, Maiakósvki.

Não importa o que me possa acontecer

por andar ombro a ombro

com um poeta soviético.

Lendo teus versos,

aprendi a ter coragem.

Tu sabes,

conheces melhor do que eu

a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho e nossa casa,

rouba-nos a luz e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

labirinto

" eu não sou triste ; a alegria vive sempre dentro de mim , prisioneira ...
basta apenas que ela encontre o caminho da saida.
o problema é que eu sou um labirinto... ¨

(moisés poeta)